YouTube Music e Spotify aumentaram seus preços. O que isso diz para a música?

Saiba como o aumento de preços por parte de streamings de música como o YouTube Music e o Spotify pode impactar a indústria da música.

Nos últimos meses, diversas plataformas de streaming de música têm anunciado aumento nos preços de assinaturas. O Spotify, por exemplo, que é o maior serviço do gênero, divulgou reajustes no Brasil e em outros 52 países no dia 24 de julho, segundo o portal Poder360. Com a medida, os valores dos planos Premium (individual), Duo e Universitário aumentaram R$ 2,00, R$ 3,00 e R$ 2,00, respectivamente. 

Outro streaming de música conhecido é o YouTube Music, que também sofreu reajustes. Em nota para o portal TechTudo, a plataforma explicou que o aumento foi para que a empresa pudesse “continuar oferecendo serviços e recursos de qualidade”. O streaming de música pode ser assinado isoladamente ou como parte do YouTube Premium.

Segundo Caroline Bezerra, analista de marketing da New Music Brasil, empresa de distribuição digital e marketing musical, existem algumas hipóteses que explicam o aumento de preço das plataformas de streamings de música: “As empresas por trás desses streamings têm custos significativos com o licenciamento das músicas e precisam equilibrar esse investimento com a receita gerada pelos assinantes. Além disso, a concorrência no setor de streaming de música é intensa e as empresas precisam acompanhar as tendências do mercado para não perder investidores e anunciantes”.

Em resumo, os aumentos de preços por parte de plataformas de streaming de música como YouTube Music e Spotify refletem os desafios e as mudanças constantes da indústria da música, podendo afetar a forma como a música é consumida pelo público, assim como a rentabilidade das empresas por trás desses serviços e a compensação dos artistas que disponibilizam seus conteúdos nessas plataformas.

Indústria da música: a luta pelo destaque nas plataformas de streaming

Com milhões de faixas disponíveis nas plataformas digitais, e o crescimento contínuo do mercado, saber quando e como lançar um novo projeto é fundamental para alcançar o sucesso na indústria da música.

De acordo com informações da IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), a indústria da música brasileira cresceu 15,4% em 2022. O número está acima da média global, que foi de 9% no mesmo período. Isso ocorreu especialmente devido ao impulso dos serviços de streaming, que atualmente representam 86,2% das receitas totais da indústria da música. Com isso, o Brasil chegou a 9ª posição no ranking global.

O relatório do IFPI também indica que a indústria fonográfica nacional arrecadou R$ 2,5 bilhões em 2022. Além disso, segundo dados da Loud & Clear do Spotify, ano passado já haviam 158 milhões de faixas disponíveis na plataforma.

Dessa forma, conseguir destaque nos serviços de streaming é um desafio, e para contorná-lo diversos artistas apostam em estratégias de lançamentos constantes. Afinal, a própria estrutura dessas plataformas favorece o consumo de músicas novas. Contudo, publicar muitos conteúdos em um curto período de tempo nem sempre é o melhor caminho, ainda mais quando falamos em artistas independentes.

Lançamentos na indústria da música

“A constância dos lançamentos depende muito da capacidade criativa e financeira do artista. Ou seja, não adianta lançar com frequência sem ter um projeto artístico, e isso precisa ser avaliado caso a caso, de acordo com o perfil do artista e do seu público-alvo”, explica Eriton Bezerra, CEO da New Music Brasil.

Empresa especializada na indústria da música, a New Music Brasil tem centenas de artistas independentes em seu catálogo. E para elaborar o plano de carreira de cada um, a empresa foca no potencial de crescimento de seus artistas, buscando auxiliá-los a construir uma “personalidade musical”, nas palavras do CEO. A partir daí, são elaboradas as estratégias de lançamento que melhor atendam às necessidades e condições do artista.

Em outras palavras, não existe uma fórmula ideal que se aplica a todos os artistas. Ainda que os serviços de streaming favoreçam a lógica de lançamentos constantes, fatores como a condição financeira e personalidade musical do artista, além das características do público-alvo, precisam ser levados em consideração.

Quando uma música deixa de ser novidade na indústria?

Eriton Bezerra explica que a primeira semana após o lançamento de uma música é fundamental para atrair a atenção dos ouvintes pela novidade. Além disso, conforme análise da British Phonographic Industry (BPI), duas semanas é o tempo que uma faixa pode levar para atingir seu pico comercial após o lançamento. Ao mesmo tempo, faixas com mais de um ano são atualmente definidas pelos players de mercado (gravadoras e selos) como catálogo.

No entanto, o desempenho das músicas nas plataformas digitais pode crescer em até 12 meses. “Se olharmos para os analíticos, a grande maioria das músicas de maior performance no meio digital chegam no seu melhor desempenho entre 5 e 10 meses após a publicação, praticamente no momento em que a música começa o seu caminho para virar uma faixa de catálogo”, comenta Eriton.

Já no segundo ano, o desempenho de uma música cai em média 65%, e segue caindo até se estabilizar como faixa de catálogo, mantendo um consumo em torno de 10 a 15%, na comparação com o primeiro ano, segundo Eriton Bezerra.

Lançamentos ou catálogos: no que investir?

Recentemente, um dos maiores players da indústria da música do mundo anunciou que não fará mais distinção entre lançamentos de músicas novas e músicas de catálogo. A proposta visa promover todas as faixas da empresa com o mesmo empenho.

Para Eriton Bezerra, “são dois caminhos diferentes, ambos muito importantes. Investir em catálogos faz muito sentido quando pensamos em projetos de carreira. Já o repertório de artistas emergentes tem maior apoio nos lançamentos. A melhor estratégia é mesclar os dois caminhos, sempre segundo o perfil de cada artista e gênero musical”.